Sebrae Integra Sebrae Integra

Ciência Cognitiva - Neurociência e liderança

Os avanços na pesquisa do cérebro dos últimos 30 anos têm ajudado organizações e lideranças na busca de melhores resultados com as pessoas e por meio delas. Essas pesquisas deixam mais claro que o comportamento humano no local de trabalho não funciona da maneira que muitos executivos pensam, o que ajuda a explicar por que fracassam muitos esforços de liderança e iniciativas de mudança organizacional. Também demonstram o sucesso de empresas de nível de excelência diferenciados, cujas práticas de chão de fábrica ou de salas de reuniões ecoam profundamente nas predisposições inatas do cérebro humano.

 

Os gestores que entenderam os recentes avanços da ciência cognitiva poderão liderar e influenciar a mudança consciente, transformando completamente suas organizações. Para tanto, deverão mudar seus paradigmas do senso comum e compreender que:

1 – A mudança é dolorida

A mudança organizacional é inesperadamente difícil porque provoca sensações de desconforto fisiológico. São, muitas vezes, quebras de paradigmas, crenças, hábitos.

2 – O behaviorismo não funciona

Os esforços de mudança baseados em incentivos e ameaças (a cenoura e a vara) raramente têm êxito em longo prazo. É um ato que funciona momentaneamente.

3 – O humanismo está superestimado

Na prática, a abordagem de empatia convencional de conexão e persuasão não envolve suficientemente as pessoas. Na Provoko, dizemos que usar a empatia não é somente se colocar no lugar do outro, mas sim ao lado para ver como a pessoa vê o mundo, para, então, gerar ações que realmente tenham efeito. O óbvio não é tão óbvio quanto parece.

4 – A expectativa molda a realidade

As preconcepções das pessoas têm impacto significativo sobre o que elas percebem. Adequar a expectativa à realidade é fundamental. Frustração, em muitos casos, é a expectativa mal dimensionada.

5 – A densidade da atenção molda a identidade

A atenção repetida, propositada e concentrada pode levar a uma evolução pessoal duradoura. O processo precisa ser estimulado de dentro para fora para ser legítimo. A liderança é o exemplo através das suas atitudes e comportamentos.

Desafios em neurociência e liderança

Uma dica para o líder contemporâneo é começar a deixar os comportamentos problemáticos para trás e concentrar-se em identificar e criar novos comportamentos. Com o tempo, eles podem moldar os caminhos dominantes no cérebro de seus funcionários. Isso se consegue com abordagem de fazer perguntas concentradas na solução, que facilita a autopercepção, ao invés de uma abordagem de dar conselhos. Perguntas como: “O que você precisa para resolver desafios como este?” substituem o ato de perguntar por que a pessoa não atingiu determinado resultado.

Os cientistas cognitivos sabem, há mais de 20 anos, que o cérebro é capaz de mudanças internas significativas em resposta a mudanças no ambiente, um achado surpreendente quando constatado pela primeira vez. Sabemos, agora, também, que o cérebro muda em função de onde um indivíduo concentra sua atenção. O poder de mudança está no FOCO, pois as pessoas vivenciam o que esperam vivenciar.

Karina Rebelo

Consultora da Provoko, especialista em neuroliderança